The big 4

Hoje, um dos meus mais queridos amigos completa 40 anos de existência.
Eu e o J. temos uma história curiosa. Conhecemo-nos na universidade onde, nem sei bem como me tornei a sua madrinha de praxe. Diga-se que não fiz grande serviço, atendendo ao meu feitio que já por esses dias se manifestava e uma embirração nata por estes salamaleques académicos. Ainda assim, desta relação nasceu uma amizade forte, tão forte que mesmo tendo-nos ‘perdido’ durante mais de 10 anos, quando nos reencontrámos (um grande bem haja para o advento das redes sociais), da minha parte pelo menos, ressurgiu toda a imensidão de sentimentos de amizade, amor e ternura que sempre senti.
Hoje o J. faz 40 anos, e é o primeiro dos meus queridos amigos que chega a este milestone no mesmo ano em que também eu o irei atravessar. E, se por um lado isso me traz muita felicidade, afinal o meu amigo para além de ser um ser humano com as letras todas grandes é também um gato de primeira, inteligente e imensamente talentoso, que chega aos ‘enta’ com a vitalidade e energia de um tipo de 20, e com o amadurecimento mental de um tipo de 50, por outro não consigo deixar de sentir aquela nostalgia parva daquilo que poderia ter acontecido e que não vai acontecer e sobretudo daquilo que não sei se estarei a viver quando chegar aos meus 40. Uma nostalgia que sinceramente hoje está a levar o melhor de mim, e à qual cada vez mais sinto dificuldades de resistir.

Logo a mim que nem tenho nada destas coisas com a idade ……..

Ir

 
Sábado estivemos lá. Só lá fomos, na verdade, para entregar mais uns quantos sacos de medicamentos para a Grande Corrida de Sacos e para ver se conseguimos que a escola ganhasse um novo parque infantil, mas pediram-me para ir visitar e a minha vontade (mas uma vontade mesmo, mesmo, mesmo forte) foi de simplesmente pegar-lhes pela mão e IR. Partir sem destino certo ou qualquer rumo definido (de qualquer modo o rumo está sempre a ser mudado por causa de terceiros) e simplesmente desaprecer, esfumar-me na imensidão de um qualquer outro lugar ... mas depois ocorreu-me que comigo iria eu mesma, e eu mesma não sou (ainda) a companhia que mais desejo.
Partiria sim, mas não quero ir com a bagagem demasiado cheia.

Dorothy

ou o projecto-robot da I. para as aulas de matemática.





Tudo em materiais reciclados e da inspiração da piquena (à excepção dos sapatinhos que foram sugestão aqui da Je)

X

Não sei se foi por ser inesperado ou por razão da necessidade extrema de ter um momento de descompressão na companhia de uma das pessoas de quem mais gosto no mundo, mas a verdade é que o final de dia de sexta acabou por ser uma surpresa absoluta e excepcional.
Não sou propriamente fã de Xutos e Pontapés, muito menos nos últimos anos, onde a música se tornou do mais banal possível e as letras, bem as letras é melhor nem comentar porque são pura atrocidade para quem encara a música como um veículo poderoso de transmissão de uma mensagem e/ou sentimento, por isso a 'oferta' de convite para os ir ver no concerto em que celebravam 35 anos de carreira, não foi recebida, assim com um particular entusiasmo, mas mais como a possibilidade de dar um ‘mimo’ a uma grande amiga que também (e como eu) precisava de um momento de descompressão.
E a verdade caro leitor é que nunca pensando que diria tais palavras, mas Que grande concerto! Eu nem sei explicar o que ali aconteceu, o que sei é que foi intenso, e que foi muito, muito bom. Cantei como já não fazia há muito tempo. Dancei como não fazia há muito, muito tempo. Saltei, pulei, vibrei, eu sei lá! O que sei é que durante quase 3 horas voltei a ter 16 e a gritar com a força total dos pulmões que ‘não, não sou o único’ e a afirmar com a mesma clareza desses dias de puberdade que sim ‘hei-de arder na tua fogueira, mas será sempre, sempre à minha maneira’.
O que eu sei é que durante 3 horas esqueci por completo tudo o que me tem acontecido, todas as pessoas que me disseram até já e que eu queria tanto voltar a ter bem perto, a viagem emocional e física em que me encontro, enfim todas as angústias e frustrações e desilusões e a merda das lágrimas que não deixam de me correr pelas faces a qualquer hora dos dias que teimam em se tornar cada vez mais difíceis de suportar.
Durante 3 horas voltei a ter 16 anos e a acreditar ……

Obrigada!!