Há dias ...


Há dias em que me apetece simplesmente embater contra uma parede. Carregar no acelerador e não parar até ao impacto libertador. Certa de que esse será um momento de intensa felicidade, de alívio…de paz.

Há dias em que me apetece simplesmente embater violentamente contra uma parede para fazer parar os demónios que me gritam palavras feias e me fazem odiar cada pequeno pedaço da alma que habita neste corpo que detesto e que sinto incapaz de amar.

Há dias em que me apetece simplesmente embater rápido e violentamente contra uma parede outrora imaculada. Há desses dias… cada vez mais desses dias ….e em cada um se torna mais e mais difícil fazer-lhes frente

Há dias ….

So good at being in trouble ...


...o pior é quando regresso a mim e estoira a merda ....

La cage dorée*



Vale a pena ver.
Porque é muito divertido.
Porque é um retrato fiel (para o melhor e para o pior) do que fomos e do que ainda vamos sendo.
Porque está muito bem realizado.
Porque tem interpretações fantásticas. (Continuo achar a Rita Blanco do melhor que há por cá.)
Porque mostra que o cinema realizado por um franco-português, com actores portugueses e franceses, pode e resulta em pleno.
Porque mostra que o cinema quando retrata a realidade é substancialmente melhor.
Porque no meio de tanto estereotipo, e situações cómicas, se fica a perceber um pouco melhor como deve ser dificil não pertencer nem de onde se veio e a onde se deseja voltar, como onde se vai vivendo.

Talvez não termine da melhor forma, mas vá ...

* Porque me apetece ser fina e não lhe dar o nome à portuguesa. Temos pena!

heart of Stone or simply different?


Tenho uma amiga que tem uma família grande.
Eu sempre quis ter uma família grande e por isso sorrio com verdadeiro deleite perante as estórias de saudável loucura que os caracterizam enquanto na minha cabeça não consigo que deixe de passar em absoluto repeat cenas de uma das minhas séries de televisão favoritas. 
Num dos nossos encontros mais recentes, contava-me ela as peripécias do casamento da irmã e a emoção que todo aquele momento lhes proporcionou enquanto família, e apesar de enternecida pelo amor quase palpável que existe entre eles, que é bonito de se perceber e, ainda que de forma muito distante, quase partilhar pela permissão que me é dada de ‘conhecer’ o seu universo, dei por mim a pensar que na realidade nunca entendi esta coisa das pessoas chorarem no dia do casamento.
Entendo (obviamente!) a emoção levada ao extremo, e de que modo a felicidade também pode ser portadora de longas e grossas lágrimas, mas nunca fiquei comovida a esse ponto nos casamentos a que assisti. Talvez porque na realidade me mantenha sempre um tanto ou quanto resguardada nas relações que vou estabelecendo, fruto das porradonas a que o destino já me submeteu ao longo dos anos, ou talvez porque tenha uma gigantesca pedra cinzenta no mesmo espaço outrora ocupado por um coração que batia vermelho vivo, ou simplesmente porque sou uma pessoa estranha, desligada destas coisas da vida, mas capaz de chorar um rio duas linhas de uma qualquer canção que me desperte memórias adormecidas e (pensava eu) enterradas.
Seja qual for a razão, a verdade é que foi a primeira vez que a ouvi falar e não fui capaz de me identificar. Mas fiquei sem forças para lho dizer ciente que também ela , imbuída de todo o amor fraterno que a rodeia, não me iria entender.

Pequenas coisas que Eu Odeio #2

Operadores de caixa de supermercado que acham que sabem arrumar as MINHAS compras melhor que eu
Desde que me recordo como gente que sinto  necessidade (confesso) quase que obsessiva de organizar no tapete rolante que antecede a caixa registadora, as compras que faço no supermercado pela ordem em que as quero colocar nos respectivos sacos.
Eles são os frescos com frescos, as frutas com os legumes, os artigos de higiene com os artigos de ménage, e assim por diante, permitindo-me de tempos em tempos a loucura de juntar aos desodorizantes um inofensivo pacote de batatas fritas ou bolachas oreo.
E isto não é tarefa que encaro de ânimo leve, tudo resulta resulta de um estudo mental ponderado e aperfeiçoada ao longo dos anos. 
E, meus amigos, se tiver em dia sem pressas e me calhar na sorte o cliente da frente ser um daqueles verdadeiros empata, dou-me mesmo ao luxo de reorganizar as secções de artigos por tamanhos e preferências, qualquer dia aventuro-me na temática das cores,  regozijando-me interiormente com a beleza estética, e quiçá arquitectónica, daquilo que para o comum dos mortais não passa de um conjunto banal de artigos de supermercado.

Será isto algo de muito estranho, afinal a única coisa que eu não quero é que MEXAM NAS MINHAS COMPRAS!!!!!!!!
Ps: pergunto-me se devia falar disto ao psicólogo ....hummm....