heart of Stone or simply different?


Tenho uma amiga que tem uma família grande.
Eu sempre quis ter uma família grande e por isso sorrio com verdadeiro deleite perante as estórias de saudável loucura que os caracterizam enquanto na minha cabeça não consigo que deixe de passar em absoluto repeat cenas de uma das minhas séries de televisão favoritas. 
Num dos nossos encontros mais recentes, contava-me ela as peripécias do casamento da irmã e a emoção que todo aquele momento lhes proporcionou enquanto família, e apesar de enternecida pelo amor quase palpável que existe entre eles, que é bonito de se perceber e, ainda que de forma muito distante, quase partilhar pela permissão que me é dada de ‘conhecer’ o seu universo, dei por mim a pensar que na realidade nunca entendi esta coisa das pessoas chorarem no dia do casamento.
Entendo (obviamente!) a emoção levada ao extremo, e de que modo a felicidade também pode ser portadora de longas e grossas lágrimas, mas nunca fiquei comovida a esse ponto nos casamentos a que assisti. Talvez porque na realidade me mantenha sempre um tanto ou quanto resguardada nas relações que vou estabelecendo, fruto das porradonas a que o destino já me submeteu ao longo dos anos, ou talvez porque tenha uma gigantesca pedra cinzenta no mesmo espaço outrora ocupado por um coração que batia vermelho vivo, ou simplesmente porque sou uma pessoa estranha, desligada destas coisas da vida, mas capaz de chorar um rio duas linhas de uma qualquer canção que me desperte memórias adormecidas e (pensava eu) enterradas.
Seja qual for a razão, a verdade é que foi a primeira vez que a ouvi falar e não fui capaz de me identificar. Mas fiquei sem forças para lho dizer ciente que também ela , imbuída de todo o amor fraterno que a rodeia, não me iria entender.

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