Carne para canhão

Com as desgraçadas dos outros posso eu bem, deve ser uma das frases de vida dos tipos que trabalham nos hospitais, nas casas funerárias, e...nas oficinas de automóveis e serviços de reboque.
Tirei esta conclusão na passada sexta feira, quando depois dum dia passado no Jardim Zoológico, no regresso, mesmo a meio caminho de casa, em plena A5, no carro surge um sinal de stop e puff...apagou-se. Assim, sem sequer um segundo aviso. Vá que tive a capacidade (sim, sempre que acontece algo deste género sou eu que vou ao volante. Devo atrair concerteza.) de sair da faixa do meio e conduzir o já, desmaiado veículo, para uma berma.
Depois já se sabe, contactar os serviços de apoio do seguro, confirmar os dados, garantir-lhes que sim, que precisamos dum táxi para nos tirar da autoestrada, chamar a sogra para nos ajudar com as miúdas, um pouco assustadas com o sucedido, e aguardar.
Aguardar pelo tipo do reboque, que após uns segundos concluo já nos prestou este serviço doutras vezes, vê-lo a confirmar os riscos e mazelas do veículo a transportar, e acreditar quando nos garante que o táxi está aí a chegar porque ele até já falou com ele.
E chegou, uns bons 10 minutos depois, para quando já lá dentro e prontos para seguir viagem, ouvirmos, uma conversa quase privada, e estou em crer, semelhante à dos médicos, enfermeiros e agentes funerários:
Taxista- Estão lá em baixo outros dois.
Tipo do reboque- Dos nossos?
Taxista- É pá isso não sei!
Tipo do reboque - É capaz de não ser. Mas já lá estava alguém?
Taxista - Acho que a Brisa, pá.
E foi assim, que num instante de segundo, me senti a desgraça com que os outros podem bem.

Sem comentários: