Bolo, Caipirinha e Despedidas Breves

Foi ontem que terminou a minha primeira experiência num workshop de Escrita Criativa.
E acreditem a viagem não foi (pessoalmente) fácil. Passamos a vida a receber elogios à nossa forma de escrever, elogios ao correcto uso da palavra A no sítio B, e de algum modo auto convencemo-nos que temos jeito para a coisa. Ok não somos o máximo, mas safamo-nos bem.
As primeiras semanas serviram bem para desmistificar a coisa.
Sou aquilo que sou. Com textos melhores, outros piores, mas muito aquém da qualidade geral dos meus fantásticos colegas das manhãs de sábado.
Essa percepção não foi obviamente fácil. Nem essa nem a que me revelou ontem que de algum modo, em todas estas manhãs, não achei espaço para me dar realmente a conhecer. Nem sequer naqueles que são os meus mais característicos traços de personalidade: o dinamismo e a pro-actividade.
Adiante.
A realização que há muito mais quem escreva bem, com mais e melhor imaginação, e com a prosa permanentemente fluída (por oposto à minha inspiração consoante o momento, ou a obrigatoriedade de trabalho para cumprir os prazos) confesso que, estiveram quase a levar o melhor de mim. Mas assumi que o compromisso era para ser levado até ao fim, e assim foi.
E ontem, entre fatias de bolo de chocolate com frutos silvestres, caipirinhas e caipiroskas, a hora do fim foi-se aproximando. Fizemos as tradicionais promessas de almoços e jantares de grupo que já sabemos não vão ver a luz do dia, prometemos manter o contacto que o quotidiano acabará por deixar cair no esquecimento, selámos o manifesto que reinvindica nova experiência, prometemos manter aceso o blog, trocámos os últimos sorrisos e partimos cada um rumo ao resto da sua vida.
Fomos desaparecendo a conta gotas, sempre cautelosamente evitando a palavra adeus.
Hoje resta apenas o imenso gosto amargo de saber que existem ali, naquele tão incaracterístico grupo de pessoas, tantas histórias que ficaram por contar, tantos laços que precisavam de mais tempo para se solidificar, mais actividades, mais, mais, mais o que quer que fosse para nos descobrirmos verdadeiramente.
Gostava de acreditar que nos vamos voltar a encontrar em breve, num almoço, num evento, noutro curso, no que seja ... mas a experiência nestas coisas não me deixa grande convicção.
Para os que andam (às vezes) por aí resta-me este momento para vos dizer que ADOREI conhecer-vos (mesmo que não tenha conseguido transmiti-lo)
Até Breve Amigos Criativos!

11 comentários:

Andreia Azevedo Moreira disse...

Foste de uma grande coragem nesta tua sincera despedida. Admitiste aquilo porque todos nós passámos tenho a certeza. Garanto-te que senti tudo o que aqui escreveste, sofri e chorei e resumi-me à minha existência comum. Somos o que somos. Desde que sejamos verdadeiros e façamos o melhor que pudermos isso tem muito valor. Ainda que mais niguém a não ser "os nossos" o reconheça. O que interessa é pormos a nossa verdade em tudo o que fazemos. O resto é um bónus. Continua a acreditar em ti e no teu talento. Também gostei muito de te conhecer. E mesmo sabendo que talvez nunca mais os nossos caminhos se cruzem no meu pensamento, estes dias e estas pessoas jamais deixarão de existir. Muitos beijinhos Margarida. (Firme andreia. Firme. As lágrimas já ficaram para trás. eh eh eh)

Andreia Azevedo Moreira disse...

Errata: onde se lê "porque" ler por que. agradecida.

M. disse...

oh Andreia, logo tu que eu achei que serias a primeira a convencer-me que desta vez seria diferente, que nos iamos mesmo voltar a encontrar, assumes a convicção de que este será o fim?!
Se tu não acreditas, (que me pareces uma eterna optimista)a coisa confirma-se que está, pelas ruas da amargura.
Obrigada pelas palavras, e espero mesmo que nos voltemos a encontar que mais não seja já sabes que te posso "apanhar no mar da praia de Carcavelos, e na cabeça levo a touca amarela com flores" e bebemos um cafezito a olhar para o delicioso mar que a linha nos oferece.
O que é que te parece?
Beijocas Grandes e já cheias de nostalgia

M. disse...

Psst Andreia,
Sabes que faz alguns meses perdi a minha primeira cadela, que agora vivia só com a minha mãe e por ocasião desse momento fiz este post
http://margaridas-aos-molhos.blogspot.com/2008/07/tristeza.html. Nem todos conseguem perceber este amor aos nossos queridissimos amigos de 4 patas, por isso para ti e que tambem compreendes, um grande beijinho.Andei que tempos para te dizer isto e hoje apeteceu-me

Andreia Azevedo Moreira disse...

Margarida já te fui ler nesse triste dia. Pois, nem toda a gente compreende. Olham para mim de lado como quem diz "não é boa da cabeça coitada" porque ainda falo do meu buddy como quem fala de um filho que lhe partiu. já passaram 6 anos e ele sempre comigo. Nunca me deixará enquanto eu viver. As pessoas não entendem mas eu não me importo. É um tipo de amor único. Enriqueceu-me muito a existência e fez de mim melhor pessoa sem dúvida. Aprende-se muito com os "bichos".

Quanto ao "pessimismo". Não se trata de pessimismo, trata-se de saber como as coisas se passam na realidade. Pois se nos perdemos de amigos de longa data, tantas vezes sem qualquer explicação, só um gradual afastamento, que primeiro nos doi mas ao qual acabamos por nos render... Esforço-me por lutar contra isso e por isso vos digo que se combinarem cineminha estou lá sem qualquer dúvida e enquanto a Vanessa me quiser por companhia ao almoço lá irei ter com ela de vez em quando. O que eu sei é que nestas coisas o dia-a-dia é velhaco e afasta-nos muitas vezes de coisas boas. Eu estou disposta a lutar contra ele. Agora temos de ser vários a lutar. Alinhas? :)
Bjinhos

MóniKa disse...

Também gostei muito de te conhecer Margarida, tal como ao resto do grupo.
Um beijinho
Mónica

Infoexcluído disse...

Não te esqueças que para além da capacidade técnica de escrita, que tens e melhoraste, há um outro conjunto de características necessárias para fazer a produção de texto com interesse e qualidade. E dessas parece-me que as tens:
- Inteligência;
- Criatividade;
- Poder de observação;
- Imaginação;
- cultura;
- Referências;
- Dedicação;
- Obstinação;

Se juntares a isto maior confiança, muita prática, e aprendizagem e obsorção de mais algumas técnicas, desde que te dediques com alma à produção de textos, encontrando o teu caminho, a tua forma, o teu nicho, em que te sintas verdadeiramente confortável a escrever o que gostas e sobre o que gostas, aí estará o teu local na escrita, e como é costume em ti, desde que com vontade, aí terás sucesso.

M. disse...

Andreia e Mónica
Vamos ver ter de nos ver novamente. Depois da "Quarentena" e talvez tambem da epoca natalicia que é sempre complicado, marcamos cafezinho na Bulhosa (oeiras Parque) que me dizem?

Nuno
Em primeiro lugar isso me encontrares "o teu nicho" é dum qualquer programa de televisão que agora não consigo identificar, mas lá que é, é.
Depois, já sabes que a tua opinião mesmo que muito bem estruturada, é sempre uma opinião condicionada pelos sentimentos, e não pela razão. Mas obrigada pelos elogios e beijos grandes.

Andreia Azevedo Moreira disse...

COMBINADO! Aguardo! :)

MóniKa disse...

Cafézinho na Bulhosa, entre os livros, haverá melhor programa?
Combinado!
Beijinhos
Mónica

Pedro disse...

Queridas e talentosas "workshoppers" :b pensavam que se safavam com uns uffs, umas lagrimitas e pronto, cada qual à sua vidinha, não era? Pois ora tomem! Tomem lá o workshop part II, para as verdadeiras e verdadeiros saudosos dos tempos bem passados com vista pro rio e das amizades ainda mal começadas. Foi um prazer partilhar do vosso espantoso talento e o supremo prazer pela escrita de cada um dos elementos deste grupo. Se não antes, encontramo-nos a 10.01 :D Grande beijinho, PVZ