Sessão da tarde

A recordar as sessões de cinema em casa que fazia com o meu querido avô Joaquim.
Foi com ele que aprendi a gostar dos clássicos. Da beleza negra e astuta dos filmes do Hitchcock, à poesia da água protagonizada pela Ester Williams, aos pares românticos do Fred e da Ginger ou simplesmente à complexidade dos cinema americano dos 50 com os filmes do Rock Hudson, da Elizabeth Taylor, do Paul Newman, do James Dean, da Audrey Hepburn, da grande Katherine Hepburn, entre tantos, tantos outros.
Acho que foi aí que comecei aprender a gostar de cinema.
Foi aí que descobri um dos meus filmes preferidos de todos os tempos.
Foi ai que me apaixonei pela magia dos filmes 'dificeis', daqueles que nos obrigam a repensar atitudes, que nos criam nós no estômago com a agonia  da vida demasiado próxima e familiar.
Mais tarde fiz caminho para a descoberta do cinema europeu e a paixão tornou-se num vicio sem o qual consigo passar por muito tempo. Sinto falta do seu sabor amargo. Do murro na consciência. Da beleza agridoce da vida tão dura e crua como ela é na realidade.
Tudo, muito provavelmente, à conta das sessões da tarde como a de hoje.
Das sessões de cinema que via na enrolada no sofá verde da sala do meu querido avô Joaquim, tal como hoje as minhas filhas se enrolam no sofá verde da nossa casa e despertam a atenção para a riqueza do cinema português quase esquecido.
Tudo assim numa mera sessão da tarde.

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