Pronto, há que me resignar às evidências…


Eu, definitivamente, não sou uma boa mãe.
É com pesar que o constato. Mas como o primeiro passo para a resolução dos problemas é enfrentar o boi pelos cornos (dizem!) há que afirmá-lo sem pudor – Eu não sou boa mãe!
Digo-o porque recentemente constatei (quiçá com uma pequena farpa enterrada na alma) que as minhas filhas raramente têm ataques. Ataques a sério, daqueles grandes que as fazem atirarem-se ao chão, bater os pézinhos, exigir, gritar, amuar, enfim utilizar em menos de 5 minutos o cardápio completo do Manual de bom Comportamento da Criança Mal-educada, é que népias! O máximo que se lhes consegue arrancar é um mísero ‘tu és má!’ de coração partido e lágrima forçada que dura, no máximo dos máximos, uns bons 5 minutos. Um desalento!
Depois, também não são daquelas que se enterram em bolos ou guloseimas. Pois que sim que são gulosas. Uma mais do que a outra. Mas também aceitam com uma cruel naturalidade quando se lhes diz ‘agora não há chocolates o resto do mês’ . Assim, sem uma reivindicação, um grito, uma simulação de birra, nada….é como vos digo um desconsolo para qualquer mãe que se preze.
Também há aquelas alturas em que têm, forçosamente, de estar comigo no escritório. E nesses dias é frequente ouvir dos colegas um surpreendido ‘ahhh…tinhas cá as miúdas??! Nem se ouviram o dia inteiro’.
Francamente, isto lá é coisa que uma mãe deseje ouvir?!
Então e os gritos desembargados corredor fora?! Então e os choros de amplitude máxima porque já se entalaram 20 vezes no elevador?! E os gritos que querem ir comprar bolos?!
É uma vergonha levá-las a qualquer lado!
As palonças ficam sentadas, a ver filmes, a ouvir a Radar, fazem os trabalhos….é de cortar o coração!
Ora isto, para além de ser fenómeno estranho e raro nos tempos de correm, é também um major turn- off nas relações que se criam com as outras mães. Ou seja, as tipinhas para além de incapazes em me fazerem passar vergonhas ainda ser dão ao desplante de me boicotarem a vida social na esfera materna. Sim, porque como é que se há-de manter relacionamentos sociais sérios, se de 5 em 5 minutos se está a dizer ‘pois …não…as minhas filhas isso não fazem’. Ao sim de meia hora, ninguém quer conversas connosco. Os olhos reviram-se-lhes num misto de pânico e asco, e das suas cabecitas ecoam as palavras sábias ‘olha m’esta?!!! Tu queres ver?!!! Olha’me, olha’me, quer conversa!’
Eu bem que tento. E  assim de quando em vez , num ato de perfeito desespero e desejo de integração ainda procuro simular um ‘ah sim, e quando lhes dá para isso…humpffff (cara de profunda indignação materna)’ mas qual quê, já ninguém me leva a sério. 
E agora pá?! Como é que me vou desenrascar de futuro?! 
Queres ver que ainda ando a criar miúdas para serem gente com respeito e boa educação? O que vai ser do futuro delas???

(Se estivessemos nos States aposto que já estava referenciada lá nos serviços sociais.)
 Rais’parta!!!

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