Quando era miúda vi um episódio do Baywatch, intitulado “Pier Pressure”. Recordo-me pouco do enredo em si, mas o conceito colou-se-me às ideias como poucos outros, coisa a que a Psicologia certa, e facilmente, daria resposta, mas isso para o caso pouco interessa.
Tenho para mim, que à excepção de situações extremas, ninguém obriga ninguém a fazer seja o que for. É claro que as circunstâncias condicionam. Limitam-nos. Mas a escolha, a “escolha” propriamente dita, essa, demos a volta ao texto como dermos, a escolha nunca deixa de ser nossa. Para o melhor e para o pior.
Têm-me, estes pensamentos, surgido nos últimos dias, fruto da singular observação diária. As “pressões dos pares”, do grupo, estão em cada esquina. Prontinhas a atacar ao mais ligeiro sinal de fraqueza do oponente. As presas, essas, caminham diariamente para o matadouro, convencidas que tem mesmo de ser assim, que doutra forma não aguentam. Eliminando-se quase até à extinção. Incapazes. Seja para tomar uma decisão, assumir uma posição, ainda que contra corrente, ou defender o maior tesouro, os seus princípios e valores.
O meu lado negro despreza-os, sente até um certo asco, incapaz de compreender a ausência do espírito de luta e resistência.
O meu lado risonho, agradece ao destino ou a Deus, ou quem sabe mesmo a ambos, que as escolhas, as minhas escolhas, mesmo as de agora, fruto de mil condicionantes que ainda me incomodam e interiormente rejeito, continuem fruto de mim mesma, de quem sou sem tirar nem pôr, do que acredito e julgo importante.
Doutra forma não faria sentido.
EU não faria sentido.
Opto então, por estes dias, por me sentar no parapeito da janela aberta da vida dos outros e …. observar. Vê-los a cair, sussurrando um sonoro xeque-mate … um após o outro, como se, de meras peças dum gigantesco tabuleiro de xadrez, se tratassem. Sem dor nem piedade. Aproveito estas fracções quotidianas para dar ordem de soltura ao lado negro, e deixo-o vibrar. Sinto-lhes asco…e uma total ausência de culpa ou arrependimento.
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