Quem diria que o alecrim era tão indigesto?

Mais do que estilos de realização, milagrosas produções low-budget, ou o cunho muito peculiar do filme de autor, o que me atrai verdadeiramente nos filmes indie, é a naturalidade com que contam a realidade tal qual ela se apresenta no quotidiano de cada um. Os heróis, se e quando os há, não passam de pessoas totalmente comuns, iguais a nós, com virtudes e defeitos, “apanhados” pela lente ampliada do realizador num momento específico da sua vida. Acresce a capacidade de me estimularem a pensar, e a mim, pessoalmente, relaxa-me mais estar 2 horas numa sala escura a ver um filme “incómodo”, e ir para casa a pensar e a falar sobre ele, do que ver meia dúzia de cenas recheadas de efeitos especiais de bradar aos céus, e sair do cinema com uma “desagradável” sensação de vazio.
Nesta perspectiva o Go get me some Rosemary cumpre na totalidade o objectivo. É um filme duro, que obriga à reflexão, a engolir em seco. Não (me) foi fácil esta história dum pai absolutamente irresponsável e inconsequente, alheado da realidade parental, mas resoluto em fazer o seu melhor (ainda assim muito aquém do razoável). Foi difícil de o digerir (Quatro dias depois e ainda os mixed feelings.)
Se este era um dos objectivos dos Safdie, pelo que me conta, nota 10. Mas como mãe, ainda que por vezes também um pouco irresponsável e inconsequente, este não é um filme simpático...magoa cá dentro.

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