Sou da opinião que isto de se ter filhos resulta melhor quando não (n)os levamos muito a sério. Há que levar as coisas com uma descontracção natural, que invariavelmente (diz-me a parca experiência) acaba sempre por resultar melhor do que qualquer outra abordagem.
Não quer isto dizer que eu seja a calma e descontracção em pessoa. Longe disso! Mas esforço-me, ainda que nem sempre seja bem sucedida.
Neste equilíbrio dificil de alcançar no dia-a-dia, todos os dias, existem sempre alguns medos que nos vão assolando (ou a mim). É o medo de algumas questões. Uma delas, talvez das mais dificeis, a questão da morte.
Surgiram já algum tempo, quando nos morreu um animal de família, e a maior preocupação da M. era para onde é que ela tinha ido, o que é que lhe ia acontecer. Recordo com alguma angústia o que de facto aconteceu, onde tivemos de a deixar, e estou certa que estas são recordações impróprias até para adultos, quanto mais para crianças.
Nessa altura, optei então por fabular a situação, contando-lhe que quando morrem as pessoas (e os animais) transformam-se em estrelinhas, que podemos ver em todas as noites de céu estrelado, estejamos onde estivermos. A hipótese de continuarem presentes na sua vida, mesmo que que lá longe, no céu, pareceu tranquilizá-la.
Agora, de quando em vez, fazemos as nossas viagens nocturnas à varanda para dizer adeus à amiga que está no céu, e de quem temos saudades.
Mas agora em férias, num sítio em que o céu parece sempre mais estrelado, e nós a um passo de as conseguirmos agarrar com as mãos, enterneceu-me que certa noite ela me tenha pedido para irmos ver a "Mafalda lá no céu" e após alguns segundos de total silêncio tenha rematado o momento com: "ò mãe tens de telefonar à avó Zete, para lhe dizer que vimos a Mafalda, e que ela lhe mandou beijinhos de saudade. "
Cada qual entende a morte à sua maneira e convicção, mas eu, não obstante aquilo em que acredito, gosto cada vez mais desta fábula encantada, em que os que amamos continuam aqui tão perto, mesmo ao alcance ficcionado duma mão.
Não quer isto dizer que eu seja a calma e descontracção em pessoa. Longe disso! Mas esforço-me, ainda que nem sempre seja bem sucedida.
Neste equilíbrio dificil de alcançar no dia-a-dia, todos os dias, existem sempre alguns medos que nos vão assolando (ou a mim). É o medo de algumas questões. Uma delas, talvez das mais dificeis, a questão da morte.
Surgiram já algum tempo, quando nos morreu um animal de família, e a maior preocupação da M. era para onde é que ela tinha ido, o que é que lhe ia acontecer. Recordo com alguma angústia o que de facto aconteceu, onde tivemos de a deixar, e estou certa que estas são recordações impróprias até para adultos, quanto mais para crianças.
Nessa altura, optei então por fabular a situação, contando-lhe que quando morrem as pessoas (e os animais) transformam-se em estrelinhas, que podemos ver em todas as noites de céu estrelado, estejamos onde estivermos. A hipótese de continuarem presentes na sua vida, mesmo que que lá longe, no céu, pareceu tranquilizá-la.
Agora, de quando em vez, fazemos as nossas viagens nocturnas à varanda para dizer adeus à amiga que está no céu, e de quem temos saudades.
Mas agora em férias, num sítio em que o céu parece sempre mais estrelado, e nós a um passo de as conseguirmos agarrar com as mãos, enterneceu-me que certa noite ela me tenha pedido para irmos ver a "Mafalda lá no céu" e após alguns segundos de total silêncio tenha rematado o momento com: "ò mãe tens de telefonar à avó Zete, para lhe dizer que vimos a Mafalda, e que ela lhe mandou beijinhos de saudade. "
Cada qual entende a morte à sua maneira e convicção, mas eu, não obstante aquilo em que acredito, gosto cada vez mais desta fábula encantada, em que os que amamos continuam aqui tão perto, mesmo ao alcance ficcionado duma mão.
2 comentários:
Já falámos deste assunto e sabe que concordo com esta pequena fábula encantada que parece sossegar e satisfazer a necessidade que os mais pequenos têm de, de alguma forma, entender a morte. É um tema sensível para os adultos, daí que seja complicado explicá-lo a uma criança de 3 ou 4 anos. A estrela que brilha no céu é sem dúvida aquela que considero a melhor forma de explicar "o que acontece às pessoas quando elas morrem". Beijinhos a uma mãe *****
:)
Obrigada e beijinhos!
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