Flores em Adubo - versão Ampliada

Na sexta feira passada fomos à escola da M. fazer uma apresentação à sala.
Senti-me outra vez na escola. Sempre adorei os trabalhos de pesquisa que os professores mandavam para casa, e então quando envolvia bricolage era simplesmente o paraíso na terra! Diga-se que desde sempre que sofro do síndrome da artista plástica (ou de outro género qualquer) frustada, pelo que agora, na idade adulta, quando me apanho na Staples com dinheiro na mão e sem condicionalismos de tempo, ahhhhh isso é que felicidade! Da caneta à plasticina aquilo é um virote que até dá gosto.
Mas ... com a alegria do projecto vem sempre a ansiedade do momento de o mostrar ... e deixem-me dizer-vos foi ATERRADOR!
Garanto-vos que mais facilmente falo para um grupo de 50 holandeses sobre a política de habitação em Portugal, do que para uma plateia de 40 olhos (20x2 ... para os mais distraidos) fixados em mim, à espera do discurso maaaaaaaaaiiiiiis maravilhoso e cativante de toda a sua vida. Livra, que é de dar suores frios!
Felizmente ia acompanhada pelo meu oeUFO (outro elemento da União de Facto, sosseguem mentes mais nervosas, nós próprios também não conheciamos o estatuto até sermos confrontados com o mesmo numa tentaiva de venda de time sharing ... não aderimos, mas apoderamo-nos da linda designação) que lá se "disponibilizou" a ser (foi mais coerciva e democraticamente designado como) interlocutor primeiro, enquanto eu sentada no banquinho, procurava desesperadamente um buraco para me esconder. E só não o fiz porque a educadora e os diabinhos tem a coisa bem pensada (desconfio que os outros pais que nos antecederam tenham tentado idêntica proeza) e arrumam a sala sem possibilidade de fuga.
E lá começou a explicação sobre a bandeira de Portugal (PAROU TUDO ... e perguntam vocês, então está aqui esta gaja com este discurso, cheio de medo e não sei quê e escolhe (enfâse no escolhe) como tema de "palestra" para uma turma de 2/3 anos a bandeira portuguesa!!!???? - Se estivessem atentos, já tinham lido em post anterior que cá em casa sofre-se dum pretensiosimo barato que é coisa séria ... e como explicação associada à natural característica da estupidez humana parece-me que chega!).
E pronto lá começou o outro com a sua conversa e mais que não sei quê, e escolhe como introdução a seguinte pergunta:
E então, agora por esta altura, o que é que as pessoas põem à janela?
- Roupa
, responde de forma muito pronta outra M. por sinal muito amiga da minha M,... e nesse preciso momento, senhoras e senhores, tive uma certeza ... Estamos Tramados!
A coisa lá se foi dando ... com alguns momentos de puro desespero, em que a solução pouco digna, transformou o Bacalhau, nas suas mil e uma forma de cozinhar e o Cozido à Portuguesa elementos identificativos da Nação, já para não falar do momento brilhante em que esta mãe se lembra de se pôr a cantar o Hino, com os miudos todos de pé e mão no coração (numa reminiscência do nosso passado recente, que em nada abona a minha convicção democrática) ... não foi coisa bonita de se ver mas também queria ver-vos na situação... aquilo não é audiência fácil.
No final o que ainda nos safou foi termos pensado numa actividade de colagem. Levámos bandeiras em papel vegetal e palhinhas e todos juntos fizemos pequenas bandeiras de Portugal, que espero, venham a ser utilizadas pelos petizes na comemoração das vitórias que a Selecção nos há-de continuar a dar.
Mas a grande alegria de tudo aquilo é ver a M. completamente siderada por os papás estarem na SUA SALA, mesmo que estejam a fazer figura de ursos ... afinal é a mesma imagem que ela vê todos os dias lá em casa ... e como os pais estão sempre a dizer ... as coisas boas são muito melhores quando são partilhadas ....

2 comentários:

Inês disse...

Eu acho que correu muito bem, sabem que a primeira vez é que mais custa...! Eles gostaram e vocês, lá (bem) no fundo, também!! ;) E a M. estava realmente nas suas 7 quintas... Obrigada pela coragem e pelo depoimento sincero... Fartei-me de rir... Mto bom! É para repetir, espera esta educadora esperançosa... :)

M. disse...

� como tudo na vida, a primeira vez � a que mais custa, e apesar de achar que podiamos ter feito melhor a coisa, o tema em si tamb�m n�o era dos mais f�ceis. Mas agora que lhe ganh�mos o gosto, para o ano est� prometida a constru�o dum posto de reciclagem da Sala da In�s (se puder ser, claro?)