Sabem quando é que se torna evidente ...

que estamos VELHOS?
Quando fazemos adesões a serviços on line e o nosso ano de nascimento não consta dos 30 primeiros registos do formulário. Pffff!

(Des)Virtudes de trabalhar numa empresa da Economia Social

Ora sou Assessora da Direcção, ora sou assistente, ora passa para secretária e ontem Directora Geral ... bolas que cansaço!...
Pena é o ordenado hoje não corresponder à função.
Viva os patrões informados e profundamente conhecedores da hierarquização das carreiras.Olé!

Post para ontem

O ano de 1988, foi de facto penoso para o país, depois da devastidão deixada pelo fogo do Chiado, a 26 de Agosto morre num trágico e violento acidente de viação, Carlos Paião, um dos melhores cantores/compositores à data.
Temas como Cinderela, Playback, e o meu preferido Pó de Arroz ficarão sempre nas minhas melhores memórias de infância.
Por isso cá vai o recuerdo e o post que dizia ter sido ontem, mas não foi.
Paciência!

Ò p'ra eles!!!*

* ou a alegria das compras de fim de semana

Faz hoje 20 Anos ...

estava eu na sala de estar dos meus avôs, em plena 24 de Julho, a chorar baba e ranho ao ver a minha Lisboa em chamas incontroláveis e a minha rotina de passeio ao sábado totalmente dilacerada.
Passados 20 anos ainda dói um pouquito...

E mais, não fosse esta uma situação verdadeiramente trágica, a reportagem mais parecia um trecho das melhores comédias portuguesas dos últimos anos!

Atenção para estes mimos televisivos:
*"Pessoas, não venham para a Baixa!" - Mário Crespo
Pessoas não, mas animais, bombeiros e jornalistas são permitidos!

* "Uma tragédia desta zona é a quantidade de erva e outras coisas que crescem em cima dos telhados!" Mário Crespo
E que perante a fogaça nem sequer se puderam aproveitar ;)

Grande Mário! E ainda falam mal do Homem! E daqui foi directo para os States! Agora é que me dou a pensar se terá sido promoção ou castigo?!

Funk do melhor ...

... e muito elucidativo da vida no morro


Música que dá corpo ao monólogo de abertura de Wagner Moura (Capitão Nascimento) no filme Tropa de Elite, e que serve de palco há festa que decorre no morro, no momento em que as cirscunstâncias se precipitam ...

De coração esfrangalhado ...

...por ter acabado de falar com a minha filha maior, que me diz com a vozinha mais baixa e triste de todo o sempre que está triste e com saudades "porque quero vocês", e ver estraçalhadas as memórias dum fim de semana perfeito, pelo absurdo remorso de termos decidido ser egoístas e tirar uns dias só para nós dois....
Bolas!

Pequenos Prazeres*

*Para ler ao som do vídeo, substituindo "day" por "weekend"

O fim de semana teve inicio com planos de fuga para o estrangeiro. Uma escapadela a terras europeias que (uma vez mais por obstáculos diversos) não se concretizou. Na impossibilidade, contornámos os obstáculos e neste fim de semana limitamo-nos a Ser Felizes.
Despachadas as filhas (ou melhor, responsavelmente entregues aos cuidados extremosos dos avôs babados), deixámos para trás as responsabilidades, os horários e os limites, e os dias foram-se construindo de espontaneidades, apreciar os pequenos prazeres da Vida.
Os dias passaram-se assim, a correr de aparelho de audição para aparelho de audição a ouvir CDs que há muito nos apetecia ouvir sem o stress da papa, da fralda, da outra que corre para a sessão infantil, enfim sem a aventura que costumam ser as nossas investidas nestes territórios, e a sair da loja com a certeza da carteira mais vazia, mas de saco orgulhosamente carregado de compensações várias e de sorriso estampado nos lábios reforçado pela convicção da qualidade geral das aquisições recentes da nossa (já) abastada colecção musical.
A emoção da vida a dois levou-nos depois aqui, para gritar de pulomão aberto GOOOOOOLLLLLLLLLLLOOOOOOOOOOO!!!!!! (três vezes recorde-se) e Palhaço ao árbitro (ok, aqui fui só eu porque o N. é sempre muito calmo nestas coisas), neste Sporting - 3 /Equipa de Arbitragem (com execução fisica do jogador do Trofense) - 1




E como o fim de semana foi de pequenos prazeres não podia faltar a tradicional, e há muito desejada mini maratona cinematográfica com estes dois filmes:


Mais aqui
Magnifico! A melhor abertura cinematográfica de sempre, com um monólogo de apresentação geral da "trama" de se lhe tirar o chapéu. Brutalmente real, sem cair na violência gratuita a que muitas vezes estes filmes recorrem como forma de fazer"render o seu peixe". Um argumento fantástico e actores brilhantes.


Com o argumento original e realização do Ethan Hawke, desde sempre um dos meus actores preferidos (Dead Poet Society (tão marcante, numa altura que a vida adulta teima em marcar presença, e que a palavra de ordem não pode deixar de ser Carpe Diem) , Before Sunsire (tão louco), Before Sunset (a sequencia lógica e muito aguardada, não supera o filme inicial mas vê-se bem) e o sempre extraordinário Alive) e logo um filme obrigatório neste regresso às salas de cinema.
É um filme modesto, sem pretensões a ser um GRANDE filme, mas feito de grandes momentos simples, sem hipocrisias ou lições de moral, sómente a vida como ela é, como somos todos.

Nada de especial, dirão vocês, um fim de semana como tantos outros, mas para nós feito de coisas de que há muito vinhamos abdicando porque o cansaço nos leva a melhor, porque nem sempre há quem esteja disponivel para ficar com as pimpolhas, porque as lides domésticas precisam urgentemente de atenção, porque ... porque ... porque sim... e foi isso que fez estes dois dias tão especiais.
Isso e não fazer ideia de quando se poderão voltar repetir.

Em repeat...repeat...repeat...

São tãooooooooooo bons!
Bloc Party - Flux (single do novo álbum)

OOppsssssssss........

... e não é que o vídeo "sacado" do You Tube" com a vitória do Nelsinho era ilegal!!!! :S
Fica por isso a informação para os mais curiosos: a música era o "The Story", da Brandi Carlile.
E para vos compensar (e acreditem que ficam mesmo a ganhar) deliciem-se lá com o Grande Jeff Buckley e o seu magnifico Hallelujah ... brilhante!!

CAMPEÃO!!!!!!!

Uma palavra no final deste dia para o Grande Nélson Évora!
Obrigada pelo Ouro e pela emoção!

Só me chateia o Homem ser do benfica, mas pronto também não se pode ser Perfeito!
A banda sonora não foi escolhida por mim, mas convenhamos que é uma grande malha, desta senhora que também faz uma surpreendente e fantástica cover do "Hallelujah" do Albúm Grace de Jeff Buckley.

Viagens na Minha Terra #1

Ai o Alentejo que me faz suster a respiração, desejar fazer as malas e partir sem regresso marcado, o Alentejo das cores que me emocionam, dos cheiros e da terra sem paralelo, das migas, dos enchidos, maravilhosos queijos, dos vinhos.... ai o Alentejo!!
E este em particular que tantas recordações BOAS nos traz ....


No Topo do Top

As semanas passam e a dificuldade do regresso cresce de forma aflitiva. Sinto-me encurralada num local em que não desejo estar. A música e o bom do Nescafé, aliado à enorme expectativa da boa (e rápida) concretização dos novos e ambicionadissimos projectos ajudam, e muito a suportar o caminho penoso.
No topo dos meus tops musicais anda esta versão remix (DJ Four Tet) do tema da Sia - Breath Me.
Oiçam lá e digam-me se não vos apetece desaparecer a dançar porta fora do escritório ... ai a mim apetece ... ai apetece, apetece!

A imagem parada não abona para vos cativar a atenção, eu bem sei ... mas façam um esforço que vale mesmo a pena ... digo eu!!

Jogos Olimpicos e Bjork no Festival Sudoeste

Como forma de celebrar o inicio de mais uma edição dos Jogos Olímpicos, onde espero sinceramente ver a bandeira portuguesa brilhar em todo o seu esplendor e, não podendo ultrapassar o facto de ontem ter actuado e (certamente) brilhado no Festival Sudoeste a grande Bjork, deixo-vos (uma vez mais) uma música de intervenção/protesto político, para que não nos esqueçamos que a festa que se inicia hoje, é também feita à custa dum povo oprimido e sem verdadeira liberdade de opinião e uma Comunidade (o Tibete) que há muito reclamada a sua justa independência.

Bjork - Declare Independence (música de apoio à causa tibetana)

Péssima noticia


O Governo Brasileiro anunciou hoje que o Plano de Outorga para 2009 prevê a disponibilização de 4 milhares de hectares da floresta amazônica para concessão florestal.
O anúncio reclama ainda que tal iniciativa se integra no Plano de Florestação Sustentável e Desenvolvimento Social.
Não obstante a caracterização, para mim, esta não deixa de ser uma péssima, péssima noticia.
Aguardemos com expectativa noticia sobre o que realmente são as pretensões do governo brasileiro com esta medida que trará extraordinarios lucros ao cofres do Estado.
Mas ... meus amigos, quando aceitamos fazer concessões de terreno num património que devia ser entendido como totalmente inviolável, e se não esquecermos o incrivel impacto que o sector turístico detem na economia brasileira, e muito particularmente no Estado da Amazônia, temo o pior.
Hoje é mais um dia para nos entristecermos, porque em breve maravilhas como estas podem muito bem ser sómente, meros registos de memória fotográfica.

Triste noticia esta ....

Noite Perdida

O telefone tocou.
Acordei atordoada. Olhei os números cintilantes no despertador.
Três da manhã!
Quem seria?
- Vais atender – pergunta-me ele tão atordoado quanto eu.
Levantei-me e corri para a sala, em busca do objecto de som estridente. Nunca tal caminho me tinha parecido assim tão longo.
- Estou, digo numa mistura de cansaço e susto
- Está, responde uma voz brusca, também ela de mulher – O Miguel está? Vai chamá-lo?
- O Miguel?! – pergunto agora ainda mais confusa, não sei se pelo sono, pela pergunta, ou simplesmente pela amargura que emanava da voz do outro lado da linha – mas aqui não mora nenhum Miguel.
- Mentirosa! – grita a outra voz num tom de quase animalesco desespero – foi ele que me deu este número. Vai chamá-lo já!
- Desculpe mas … - comecei por dizer, mas logo fui interrompida.
- Cabra!
Desliguei. Ser insultada às três da manhã por uma voz completamente estranha era simplesmente demais. Comecei a percorrer o mesmo longo caminho que me levaria de volta para a cama, mas novamente o telefone tocou. Nunca me tinha apercebido de quanto era estridente e desagradável este som.
- Estou – tornei a repetir certa do resultado.
- Vai chamá-lo, suplicava agora a mesma voz num misto de dor e raiva – preciso de lhe falar, vai chamá-lo.
- Não mora aqui. – Limitei-me a dizer e desliguei.
Tirei o telefone do descanso assegurando-me assim que teria o resto duma noite sossegada.
Cheguei finalmente ao quarto. Ele estava acordado. Sentado na cama, à minha espera.
- Quem era? – perguntou
- Era engano – respondi, deitando-me – alguém que procurava um Miguel.
- Miguel?!
- Pois.
Deitou-se. Senti o calor do seu corpo bem próximo do meu. Encolhi-me. O sono tinha passado. Recordei a voz, e senti pena. Pena porque para além da dureza, a voz parecia triste. Apesar de tudo, parecia vazia e só.
Sentei-me.
No escuro procurei os cigarros.
Acendi um e inalei com prazer.
- O que foi? – perguntou ele acendendo a luz.
- Não foi nada – respondi – desculpa se te acordei.
Olhei para ele. E vi-o como há muito não acontecia. Os olhos, o cabelo, os lábios… os lábios. Sim, decididamente tinham sido os lábios. Tentei em vão recordar o momento em que nos conhecemos. Parecia ter sido noutra vida.
Como é que nos conhecemos? – perguntei - lhe
- O quê?! – retorquiu confuso pelo sono ou pela pergunta.
- Não me consigo lembrar – respondo numa justificação pobre e totalmente desnecessária. – Não sei … parece-me ter sido noutra vida … distante. – Acrescento ainda, certa da dureza das palavras que não tento evitar.
Oiço-o rir, um riso baixo e triste, como o de alguém que há muito aguarda estas palavras.
- Estás portanto farta – afirma, olhando-me sem qualquer pudor.
- Não foi isso que eu disse – respondo do mesmo modo mas sem convicção.
Se calhar era mesmo isso que lhe queria dizer. Não sei. Estava farta antes do telefonema … ou terá sido antes dos lábios. Não sei. Só sei que quero acabar com esta conversa.
- Esquece – tornei a dizer, escorregando suavemente para dentro dos lençóis. Boa noite!
Fechei os olhos mas não senti a luz apagar-se. Tornei abri-los. Estava acesa, agora era ele quem fumava.
Não disse nada, deixei-me estar … imóvel, absorta pelo silêncio imenso.
Pensei no antes. No antes dorido, atormentado. No antes que parece querer consumir-me a alma. Deixei-me consumir.
Antes ter-me-ia levantado, partilhado o seu cigarro. Antes ter-lhe-ia passado a mão pelos cabelos despenteados e pelo rosto mutilado pela barba de alguns dias. Antes ter-lhe-ia dito que gostava dele, ou até mesmo que o amava.
Antes. Agora.
Agora limito-me a ficar assim … imóvel, de olhos fechados a sentir no ar o fumo intenso do seu cigarro. Agora limito aguardar que ele apague a luz.
Apagou-a.
Abro os olhos.
Tenho vontade de chorar, mas não choro. Tenho vontade mas falta-me o sentimento.
Oiço-o levantar-se novamente.
Fecho os olhos.
Acende a luz.
Finjo dormir, talvez para evitar mais um confronto.
- O que é que se perdeu – pergunta ele.
Percebo pelo seu tom que não é mais uma simples pergunta a perder-se no silêncio enorme que teima em permanecer entre nós. Resolvo enfrentar.
Levanto-me para logo me sentar novamente, desta feita aos pés da cama, bem em frente dele. Malditos lábios! Olho – o … realmente. Vejo-o retribuir o olhar na expectativa duma resposta.
- Não sei – respondo com honestidade – talvez nada … talvez tudo. Não estou certa de que houvesse algo a ser perdido – completo, esperando com ansiedade uma reacção.
- Achas mesmo! – responde, num misto de mágoa e exaltação. – Achas realmente que foi tudo um enorme equívoco? Eu não, eu sei que o que sinto por ti … o que sinto não é uma ilusão, é a realidade.
- Cada um tem a sua – respondo.
Ficámos em silêncio … novamente o imenso silêncio.
Tentei desesperadamente lembrar o momento em que o conheci. Em vão. Torno a olhá-lo. Vejo-o bem em frente a mim. Pega novamente num cigarro. Acende-o.
Vejo o fumo que o rodeia, envolvendo-o.
Sei que devo dizer alguma coisa. Quero desesperadamente dizer alguma coisa. Preciso de dizer alguma coisa. Mas … não consigo.
Ao invés, volto a fechar os olhos.
Sinto o fumo invadir-me, e respiro fundo.
Espero.
Espero que o fumo se dissipe. Que este momento termine. Espero que ele fale. Espero que a luz se apague. Espero algo. Espero somente.
Apaga a luz. Não abro os olhos. Deixo-me ficar.
Ele levanta-se.
Levanto a mão. Quero agarrar-lhe o braço. Dizer-lhe que fique, que não vá, mas uma vez mais não consigo.
Estico-me pelos lençóis, agora totalmente amarrotados.
Estico-me agora na cama enorme. Vazia.
Penso outra vez no antes. Não encontro resposta. Antes as coisas nunca tinham sido assim.
Oiço-o.
Oiço a garrafa abrir-se.
Oiço o liquido a cair.
Oiço o gelo que bate no copo, momentos antes vazio.
Imagino-o a beber.
Sento-me novamente.
Olho os números cintilantes do despertador. Quatro da manhã!
Percebo que a noite está perdida. Não faz mal – penso – também eu!
Tenho calor. Abro a janela. Lá fora a brisa corre suave, doce … um pouco morna até.
- Foi na Baixa – diz-me.
- O quê?! – pergunto confusa. Não o tinha ouvido chegar.
- Onde nos conhecemos – reforça.
Agora lembro-me. Convidou-me para um café. Nunca percebi porque é que aceitei.
Agora sim. Já me lembro.
- Convidaste-me para um café – digo aliviada por finalmente me ter recordado.
- Pois foi.
Ali está ele. Diante de mim. Em pé. Copo na mão. Cabelo revolto. Expressão magoada. Lábios sedutores. Sinto-lhe os olhos a percorrerem-me o corpo, procurando entrada na minha alma.
Sinto medo.
Viro-lhe as costas. Olho lá para fora. As luzes continuam todas apagadas.
- O que é que se perdeu entre nós. – repete num quase sussurro. Desta vez não era uma pergunta. Talvez fosse mais um lamento.
Voltei-me.
Estava novamente na cama. Segurava o copo com a mesma firmeza, que sei que gostava, de estar a segurar a nossa vida em conjunto. Olhava para o vazio.
Dirigi-me a ele. Mas parei.
Optei antes por me voltar a sentar. Aos pés da cama. Novamente. Na sua frente.
Olhámo-nos.
Ficámos assim. Talvez um segundo … um minuto … uma eternidade.
Estiquei-me, quase como desculpa para desviar o olhar.
Pegou nos cigarros. Acendeu dois. Deu-me um.
Sorriu-me.
Peguei no cigarro, retribuindo o sorriso.
Fecho os olhos.
Procuro esquecer. Quem sabe até adormecer.
Sinto-lhe as mãos nos pés gelados.
- Estás fria – diz-me, ao mesmo tempo que se levanta em direcção à janela aberta.
- Não feches – peço-lhe.
- Ficou frio de repente – responde-me quase em jeito de desculpa.
Não respondo.
A janela fecha-se deixando a perpetuar no quarto um som de baque seco.
Senta-se, e pega nos meus pés gelados, segurando-os entre as mãos quentes.
Amo-o, penso.
Talvez não. Não sei. Devo amar. Será que ele me ama. Ainda me ama?! Pergunto-lhe.
- Amo – responde sem hesitação e sem me olhar, mas novamente num misto de mágoa e desilusão.
- Desculpa – digo-lhe.
- Porquê? – pergunta, erguendo agora os olhos até mim, mas sem contudo deixar de me massajar os pés, agora mais quentes.
- Por não me lembrar.
Silêncio.
- Por não me lembrar de quando nos conhecemos.
Novamente o silêncio cortante.
- Não quer dizer nada – digo a tentar justificar o que bem sei não o pode ser. – Não quer dizer que me tenha esquecido porque me apaixonei por ti. Porque estou aqui hoje. Não quer dizer nada … Não quer dizer absolutamente nada. – continuo a dizer numa tentativa vã para nos convencer desta verdade dissimulada.
Mas … alguma coisa tinha acontecido … comigo … com ele … entre nós. Alguma coisa tem sempre de acontecer para que se esqueça o momento em que se conhece um grande amor. Alguma coisa tem sempre de acontecer.
Esquecer não significa nada. Procuro persistentemente enganar-me. Não sei porquê.
Continua o silêncio.
Encerro novamente os olhos, e desta vez, limito-me a sentir. A sentir as mãos quentes que suavemente percorrem parte do meu corpo.
Deslizo. As mãos permanecem, seguras … em fogo. Sinto-me incapaz. Sem forças.
Penso nele. Ali. Eu, é que estou longe. A milhões de anos-luz.
Estou longe e estou só. Não quero estar. Mas não consigo voltar. Algo me prende à solidão. Bem no fundo da minha alma. Não é ele, penso agora, não é ninguém. Seja que homem for. Sinto-me incapaz de sentir. Quase morta. Talvez seja medo. Medo do medo. Medo da desilusão. Medo da paixão, do amor. Sinto-me incapaz, mas sinto-me segura. Talvez esteja louca. Talvez … seja louca. Talvez seja isto o que quero sentir.
Quero sentir que o amo. Quero senti-lo junto a mim. Não quero a sua ausência.
Quero sentir somente!
Sinto-lhe as mãos nos joelhos. Levanto-me sobressaltada e fujo da cama quase desfeita. Vou para a janela.
Não a abro, mas também não me viro.
Não sei porque é que reagi assim.
Choro.
Não consigo parar. Agora não quero, não tenho vontade, mas o sentimento vence-me pelo cansaço.
Choro porque sei que vou perder. Choro porque tenho pena. Pena dele, pena da mulher ao telefone que procurava desesperadamente um homem chamado Miguel. Pena sobretudo de mim, por não ter coragem de sentir.
Por estar tão só e por estar tão longe.
Sinto-me a tremer. Sem poder sobre o meu corpo. Caio de joelhos e choro.
Choro sem parar, sem conseguir, nem querer.
Choro porque preciso. Preciso desesperadamente de me libertar de todos os fantasmas que teimo em guardar dentro de mim.
Não sei há quanto tempo estou assim.
Olho lá para fora. O sol parece querer nascer. Estou de rastos, penso, tal como a minha vida. Os olhos ardem-me. Olho para a cama. Lá está ele. Chora. Baixinho, como se quisesse que não o ouvisse.
Levanto-me e vou até à cama. Fico em pé. Não lhe toco. Olha-me com olhos tristes e cansados. Sem saber como abraço-o. Forte como nos primeiros tempos.
- Amo-te – digo-lhe sem conseguir evitar as palavras.
Não me responde.
Perdi, pensei com tristeza. Perdi-o.
Ficámos assim, não sei por quanto tempo. Juntos. A recuperar o tempo perdido. Juntos, no silêncio. No quarto abafado e cortado pela luz do dia a nascer.
No despertador tocam as sete da manhã.
Tenho de ir trabalhar, pensei, sem no entanto me mexer. Um movimento, um só por mais pequeno que fosse, podia deitar tudo a perder.
De súbito olha-me.
Vou fazer um café forte – diz-me, como se tratasse duma manhã qualquer.
Levanta-se.
Vejo-o afastar-se. Fecho os olhos, no mesmo instante que o sinto novamente junto a mim.
- Não precisamos de café, diz-me ao mesmo tempo que as mãos quentes e fortes percorrem com destreza o meu corpo.
Não me afasto. Abro os olhos e sorrio.
Sinto-lhe os lábios, macios, suaves junto aos meus. Sinto o doce arranhar da barba forte. Sinto-lhe o desejo. Sinto o meu desejo.
Caio sobre a cama como morta, mas viva por dentro.
Não quero acabar este momento. Quero fazê-lo durar, prolongá-lo até à eternidade dos dois.
Abraço-o com força.
Amo-te, digo-lhe baixo junto ao ouvido.
Amo-te, responde-me do mesmo modo suave eterno.
Eu sei, penso agora, sempre soube.

Novo texto no blog

A pedido de várias famílias (ok pronto, a pedido sobretudo da minha sogra, que aparentemente gostou do colapso que o meu anterior texto lhe provocou ... coisas do pessoal que gosta de cenas radicais e sensações fortes) aqui fica mais um texto para a devida apreciação da comunidade blogosférica.
Confesso que não estou tão certa da sua qualidade, como estava do texto anterior. Até porque são diferentes, este é maior, muito maior, e procura retratar um momento (aqui tal como o outro) mas um momento bem mais longo, mais complexo e com maior profundidade,
Acho mesmo que tem partes algo piegas, o que não me agrada particularmente, mas pronto cá vai ele.
Aproveito para referenciar que este é o remake mais maduro dum texto escrito em 1994 (imaginem lá!) e que achei com suficiente dignidade para ser repescado do caderno velho onde guardo estes pedacitos de mim.
Aguardo com sempre as vossas amigas, mas sobretudo sinceras (e porque não duras) críticas.
Fui ... outra vez ...

E Habilidades da mais nova ...

A M. vai hoje passar uns dias com a avó S. antes das férias grandes com os outros avós em Marvão, que ela espera com a tradicional ansiedade. Por isso a despedida da manhã teve um momento especial de maior carinho para a I.
M. - Deixa dar um beijinho e abracinho à I., mamã.
M. - Tchau I. - diz-lhe a acenar
Nisto a I. levanta o seu bracito e com a mão pequenina diz um adeus prolongado, enquanto sorri com prazer para a sua adorada mana.
Rimos todos com a proeza nova da gaiata pequena.

Preciosidades da Filha Maior

Hoje enquanto tomavamos o pequeno-almoço, falava com o N. sobre o casaco novo da M., quando sou interrompida pela pirralha:
M. - Mãe, do que é que estás a falar?
Mãe - Do teu casaco novo.
M. - E por é que estás a falar da minha vida. Não se fala da vida das pessoas!
Mãe - :S
M. - Aiiiiiiiii a Mãe (enquanto os olhos reviram no já tradicional modo de censura parental)
Olha que isto ãhh!

Veneno ...

... para noites quentes de Verão ... e huuummmmm .... ;)



Na lista do Ipod
Martina Topley - Bird - Poison

E porque cada vez está mesmo mais dificil voltar ...

Começamos a semana com a boa música vinda do nórdico ... aiiiii as saudades que eu tenho da Suécia ... do frio bom, e da cultura urbana de refrescar a alma....



Lykke Li - Little Bit
Outra das grandes para a selecção IPod - Verão 2008

Memory Lane

A semana terminou com um jantar entre amigos, antigos colegas de universidade. Foi um serão excelente, com muitas viagens ao passado, muito riso, muita recordação ... foi tão bom.
Estamos crescidos ... mesmo crescidos.
Mais maduros, mas com a mesma graça e desenvoltura de outrora.
Foi a confirmação de que soubemos gozar, aliás de que sabemos gozar a Vida nos seus diferentes momentos.
Foi muito bom!
Obrigada M. pela iniciativa.

Para a próxima fazemos lá em casa, e chamamos ainda mais pessoal.Boa?!

Marte

Hoje pela manhã, nas noticias, podia-se ouvir o líder da expedição espacial ao planeta Marte afimar
"É com enorme prazer que anunciamos ter confirmado a presença de água no planeta Marte".
Tinha sido mais directo, simples, e talvez até mais honesto, se tivesse simplesmente afirmado:
"É com enorme prazer que vos anunciamos que temos mais um planeta para LIXAR!"